um banho quente de tesão e ação de pensamentos absurdos

quarta-feira, junho 21, 2006

Se é pra piorar, que seja pra melhor
a Thaís Regina
Se é pra ser fodida nessa vida,
que eu tenha a cara de muitos amigos fodidos pra olhar,
que eu tenha muitas desgraças pra brindar
e mágoas pra afogar,
que sempre debaixo dessa dor de cotovelo haja um bom balcão,
que a calçada seja um pouco menos chão
e o ladrão deixe-me a noite ainda com algum tostão.

Se é pra eu me ferrar,
que seja com duas boas doses de cachaça pra me alegrar
ou
melhor
uma garrafa
pra derrubar
de vez,
num jab violento,
toda essa porra de tormento que não dá pra disfarçar.

E quando eu estiver bem fornida,
repleta de fodeções,
que todos os malditos cristãos forniquem
ejaculando
na minha cara
suas sacras redenções.

segunda-feira, março 06, 2006

ANTI-BAILE DE MÁSCARA
Ausência literal
Reeclusão carnavalesca
Fuga ao interior
Sem nenhum computador

segunda-feira, fevereiro 27, 2006


KOTOVELOS BAR: DOSE DUPLA

A edificação do medíocre bar
estava bem pior naquela tarde:
havia se tornado prtaicamente uma padaria,
só não o era completamente porque
em lugar de pães tinha uns tipos cabeludos
expostos no balcão de alumínio.
Um pensamento vem-me de súbito e por pouco não engasgo:
Eu odeio chuva,
sorte dos que bebem seus pingos mornos e febris.
O dono do bar,
senhor do oráculo local
babulceia uma canção evangelizadora
quer hipnotizar as pessoas,
convencê-las que banhar-se em chuveiro faz bem,
assim ele pode vender seus banhos de gato sem
grandes questionamentos de higiene.
Fico a procura de qualquer rosto conhecido
mas minha caça é interrompida pela garota
de tênis na boca e tacao na mão,
ela me diz: esquece isso moça,
panteras de bengala não podem patinar no gelo.
Permaneço um tipo sentado de bicho, acocorado
em seu próprio calcanhar de Aquiles ou daquilo
que já não se lembra mais.
Alguns carros tocam desafinados umas sinfonias abandonadas
mas ninguém se importa com instrumentos de sopro
preferem seus alquetoques e alto falantes.
Um forno de pão seria ótimo para decompor o ambiente,
ótimo para uma soneca uterina ou para o amolecer de miolos.
Peço o travesseiro emprestado para o coitado ao lado
ele me oferece sua cama sem lençol
Nego não quero
na horinzontal somos todos diferentes
Embrabeço
arrumo minhas decencias, me penduro na bengala
chacoalho a cauda
dou uma bela rabada no balcão
e parto rumo ao chveiro mais próximo.

domingo, fevereiro 26, 2006

A HORA DO DESPACHO INFANTE
a equipe médica estava decidida
ia ajudar-lhe a cortar os pulsos
para mudar de vida.
Mas antes resolveram
retirar-lhe da magreza enfática
o roto vestido azul.
Deu um grito.
O traje acomodado aos finos ossos
não queria separar-se assim
tão precocemente daquele calorzinho,
ainda não eram seis horas da tarde.
A pequena roupa
agarrou-se na pela fina
que sangrou muito quando a navalha
interveio nas teias frouxas
do tecido usado.
Os senhores destemidos e programados
descortinaram-na por mais cinco horas
até terminarem a operação
e agora, naquela hora, já era noite feita.
Os trapos espalharam-se
por todas as casas úmidas
da redondeza do bairro.
E ao verem
o miúdo corpinho murcho
no cimento do concreto urbano
perceberam o erro que haviam cometido
Deram-se conta
que era justamente ele (o corpinho diminuto)
o animador do vestido agreste
o tocador de suas fanfarras favoritas
o domador dos lanços de rendas amarelas.
Mas enfim,
já havia passado
a hora da redenção.
Pegaram, então, as rendas plásticas
da bonequinha muda
colocaram-na numa
feia maleta marrom
e a postaram
sem destinatário
de navio pirata
para o Afeganistão.


domingo, fevereiro 12, 2006

degrau usado

para que o amanhecer aconteça,
um sopro um fósforo meia dose de gin
e duas giletes enferrujadas de cal refinado.
destile suas infromações não pessoais,
junte-se à manada de desconhecidos eternos
ou componha uma ópera
e cubra-se de veludo vermelho autentificado pelo
continente europeu.
acho que vou ser um pseudo
qualquer coisa,
mas e daí nao quero contribuir pra nada
que não seja estritamente meu.
Graduado em que?
cala boca e devolve minha garrafa
cheia de covardia
Pare de conversa eu não te conheço e nem a ninguém
me solte para o precipicio da escada ovular
quero minha anatomia rompida
antes que seja tarde demais
para quebra-la.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

PARES DE OPOSIÇÃO

Ele era simplesmente
um pênis úmido
dono de um oceano de cetim,
um bote inflável de corredeiras.
Cultivador de algodoais e
plantador de facas cegas de inox.
Ela tinha alguns bichos de estimação
dava nome para seus objetos
pessoais e sexuais
Não era dona de nada
e tampouco almejava ser.
Dava luz a dez imperativos por segundo
no anti-eco de sua voz estridente.
Eles acoeciam todo final de tarde
e amassavam pães pros cachorros do vizinho.
Eram gigantes em castelos recicláveis de papelão,
Adoravam assustar criancinhas
e assaltar supermercados.
Viam-se em filme de oito milímetro
sem diretor para suas películas mornas.
Uma vez por semana
ferviam água para suas
plantas industriais de plástico.
Certa vez
decidiram livrar-se das sacolas
e aprisionar borboletas em livros;
Criaram uma praia
com peças mecânicas
e continuam tentando
desenhar um final feliz.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Paralelismo


Gosto desse amor assim
Acostumado
Reconhecido
Carimbado
Autografado em unhas
Enviado por sedex eletrônico
Banhado em lagos azuis de sangues
Gosto desse caminho assim
Paralelo
Onde corro tranposta
sobre linhas imaginárias
carregando um guarda-chuva
amarelo pálido de hepatite
Gosto das curvas tuas
embriagadas de escapamentos mornos
pré-asfaltados de pixe.
O ematoma mostra
que o cárcere foi mordido
por dentes podres
de uma boca humanamente igual a todas
A cegueira travestiu-se
em retartos ausentes de bailarinas
de ante século anterior
Qualquer dia desse viro artista
e abandono todas as anestesias
para enfim
empirulitar-me nas águas sujas das enchurradas moles
Vou beber as lágrimas das pedras
e adoecer pela língua
Quero dirigir
um desses automoveis sentimentais
que ficam expostos nos consórcios de gente
E agora eu vou sair
leviterei rumo a fogueira mais próxima
para incendiar as bandeirinhas
e estourar todas as bolhas de sabão
Deixarei este mundo para sempre de castigo
para que aprenda a nunca mais
usar tinta de metal dentro do dia.
Quanto a voce,
só poderá cheirar cola
em saquinhos de plático não promocionais
entregues pelas moças dos aviões fretados.

Paralelismo


Gosto desse amor assim
Acostumado
Reconhecido
Carimbado
Autografado em unhas
Enviado por sedex eletrônico
Banhado em lagos azuis de sangues
Gosto desse caminho assim
Paralelo
Onde corro tranposta
sobre linhas imaginárias
carregando um guarda-chuva
amarelo pálido de hepatite
Gosto das curvas tuas
embriagadas de escapamentos mornos
pré-asfaltados de pixe.
O ematoma mostra
que o cárcere foi mordido
por dentes podres
de uma boca humanamente igual a todas
A cegueira travestiu-se
em retartos ausentes de bailarinas
de ante século anterior
Qualquer dia desse viro artista
e abandono todas as anestesias
para enfim
empirulitar-me nas águas sujas das enchurradas moles
Vou beber as lágrimas das pedras
e adoecer pela língua
Quero dirigir
um desses automoveis sentimentais
que ficam expostos nos consórcios de gente
E agora eu vou sair
leviterei rumo a fogueira mais próxima
para incendiar as bandeirinhas
e estourar todas as bolhas de sabão
Deixarei este mundo para sempre de castigo
para que aprenda a nunca mais
usar tinta de metal dentro do dia.
Quanto a voce,
só poderá cheirar cola
em saquinhos de plático não promocionais
entregues pelas moças dos aviões fretados.

MADALENA

No meio do banheiro
tinha uma mulher pequena
Ela vestia
bolsa cor de rosa
sandália cor de rosa
blusa cor de rosa
e possuía curvas cor de rosa
Habitava um ambiente ostil
e gostava da luta
pelo alimento eterno
Caminhava em saltos
pisoteava intelectos
tripudeava sobre os corpos
de quatro décadas
com alguns poucos sonhos realizados
Não possuía futuro
nem distante nem próximo
Circundava o instante máximo
de cada uma dfe suas aparições
Amava alguns homens por vez
ou mesmo mais de um cada vez
dependendo do samba ensaiado
Sua orquestra pessoal
encanta seres encantados
e hipnotizou até o boto careca
lá de Santarém.
Ela adora nuito
afogar outros
e lamber gatos
em pequenos bares da noite.

Preliminares soturnos

os domingos são quase sempre
desamáveis e humanos
Às vezes ele se liberta da forma
retangular pintada de beje
e assume a fantasia da pomba gira
sai rodopeando pela pasmaceira londrinense
e vira de ponta cabeça alguns corpos
que encontra na noite.
derramo uma gta de álcool no sol de alguém
e escorro feito água de poço
minha mente se perdeu dos ponteiros
e foi festejar algo que não se lembrava
com alguém que não conhecia.

segunda-feira, janeiro 30, 2006



Vai, voce disse
E eu fui sem
me dar muito com isso
Agora quase permaneço
sem compreender
as enchentes de mar
que invadem meu casco
em constante
estática acrobata.
Olho pelo espelho
procuro sua lírica retórica
na caverna plátônica
de minha nostalgia.
Difcíl isso de ser um
invariante de saudade : menina-filha
do seu eu, seu tom, um dom
da tua continuidade
uma experimentação filosófica da tua
Pessoa.
Eu e você: sempre na busca
incomesurável dos porquês.
Sabe, pai, dói quando se percebe
que a carne tem que se manter ereta
nesta paisagem surrealista dos
relógios todos derretidos.

É verdade, o tempo passa
o cárcere se solidifica
e nem você é super-homem,
mesmo sendo um pseudo-autêntico
além homem nietschiano do
sertão baiano.
Sei que estou no meio de feras,
esse covil do derramar cotidiano
faz-me parecer sóbria
ou quase.
Tenho falado com voce
ouço com atenção mórbida
seus trágicos sofismas.
Quando me levaras para Passárgada?
É lá o seu verdadeiro reino de doces
o palco de tua representação
mais aplaudida pelo público imaginário.
Onde repousaremos as carcaças
neste mundo metálico de intocáveis ?
Tem dias que eu gostaria de não pensar em abstrações
mas voce me empurrou com muita força
para esse mar de balanço descontínuo,
onde o vômito é inevitável
e tenho de me agarrar nas lanças de pedras para não afogar
ainda não sei nadar
me apego a lembraças infantis para não perder o ar.
Minhas asas sentem falta do teu castelo
construído com balas de revolveres 38.
com sua licença poética
estou te materializando nos instantes derretidos dos dias
Sinto medo de me perder no roseiral, como aquela mamãe
da canção de ninar infantes
E se o meu pára-quedas não conseguir abrir
as portas do mundo adulto por terem sido trancadas nos cofres?
E se as almas nunca envelhecerem?
Vou parar de chorar
E te darei um abraço agora
não me solte do peito protetor
desgrude este rótulo da minha cara
me permaneça tua aprendiz.
Deixe seu colo me despertar dos pesadelos
os sonhos esconderam-se de mim,
ajude-me a encontra-los com seus olhos míopes de visão raio X.

terça-feira, janeiro 24, 2006


E quando toda
a família de hipopótamos
pensou que ele havia
finalmente morrido,
o homem
vestiu a bicicleta voadora
e saiu andando
sobre o trem das onze
rumo a Jaçanã.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

NÓ DE PUS NA GARGANTA


Quando o corpo desfalece
o que sobra
são as glândulas emocionais enferrujadas.
Sentimentos são compartimentos inoxidáveis
que envelhecem ao se exporem ao sol
Não são mais permitidos
os banhos de meia hora,
o chuveiro está queimando
e não existe cachoeira em meu quintal.
Essa insistência metabólica
de se querer viver
tornou-se uma síndrome adquirida incurável,
sem medicação apropriada
e cheia de efeito colateral.
Queria mesmo é
chorar um mar de sal e
temperar os corpos
para meu canibalismo familiar
Um dia vou prender todos
os que amo em meu útero
para nunca mais deixar queimar
seus corpos com a luz do dia.
Grito pela alfazema noturna
e ela vem andando devagar,
meio cocha porque
ontem quebrou seu pé esquerdo
quando tentava se salvar dos cães
selvagens dentro do quarto de dormir.
Cavalgar em leões embriagados
é pisotear desertos árticos
abrigar-se em iglus de apartamentos minúsculos
umidecer nuvens de fumaça
rasgar o tapete do tempo
e pisar descalça em chão cru
da floresta sub-tropical desabitada da civilização.
EI, você de vermelho
deixe voar as barracas de camping
abandone as lonas e
sinta a água estragar seu cabelo
enrole seus cachos nos dedos e
venha pendurar-se nos cipós
dos roseirais de espinhos.
mergulhe no aquário sem peixes
da pia entupida da cozinha
E morra de sede
no semi-árido do meu coração ausente.


quarta-feira, janeiro 18, 2006

DE REPENTE ENJÔO DO DIA DE HOJE
E AGORA,
O QUE FAÇO:
DURMO, CORRO, BEBO?
NÃO
OUÇO UM BLUES
FAÇO UM CAFÉ
E ENGULO O ENJÔO
PARA NÃO VOMITAR NA VIDA

os cães



voce chegou e eu estava bebada

penetrou seus signos animalescos e

suas rimas medíocres

no meu sangue venoso

composto de vapores etilícos diversos

que quando sopram ardem as carnes moles

dos teus comparsas escondidos

no meu armário sem sapatos brancos.

esperar-te causa aos meus vélucros

interminável desconforto

ver-te chegar atormenta os ossos escassos e os sacode

ao destoante som de um tamborim

que mora na canela de todas as mulatas

ainda não mordidas pela cobra do teu laço onírico.

suspiro de começo de tarde

MEU CORAÇÃO
ESTÁ DESARRUMADO
CHEIO DE ROUPAS
SUJAS E AMARROTADAS.
...
BEM, NA VERDADE
NEM TÃO CHEIO ASSIM
PORQUE OS ROTOS TRAPOS
QUE DESPEM MEU ÓRGÃO
DE VESTES SENTIMENTAIS SAUDAVEIS
SÃO QUASE OS MESMOS..
HÁ MAIS OS MENOS
UMA DÉCADA
DE PASSARELA DESABITADA.

sábado, janeiro 14, 2006

antígona no buraco do espelho

tenho chorado a falta
dos óculos de olhos de vidro,
confusos e míopes de embriaguês permanente.
tenho sentido na cara
aquele tapa que eu sempre mereci
e nunca ganhei.
cadê aquela cara inchada
do meio-dia?
a forma antígona que antes ela ocupava
transfigurou-se num fantasma
que vive a me perseguir
tentando me libertar das correntes.
dentro das paredes ficou a sombra
daquela afresca máscara de gesso
que tuas sombrancelhas
colaram no quarto dos fundos.
pelo bairro
ouvem-se explosões sangrentas
dos dias comuns
e o verão perdeu completamente
o sentido de voar.

ODE A UM CORAÇÃO OGRO

Adoro o lençol desarrumado
sobre a cama
Dá uma sensação de sexo tardio
continuada
Alivia um pouco
o sangue opaco sempre anêmico
Engana os nós do braço
Promove laços no tecido imaginário
Acalenta a solidão
adormece-a num berço de marfim
cobre-a de insetos carnivoros
Planta uma fçor de lírio
na cabeça de todos os amantes
Suja de barro venenoso
os pés enormes da moça preta
lhe rega algumas curvas
com sonífero impróprio para o consumo
E acorda
com uma eterna vontade de transar,
sem o uso de adjetivos no sexo
para substantivá-lo na alma
assim cru
alheio de qualquer outro recurso

sexta-feira, janeiro 13, 2006

"O HOMEM BEM DEFINIDO É UM ANIMAL DE HÁBITOS"
Jurandir Costa Freire

quinta-feira, janeiro 12, 2006

jarrinha

nunca mais eu vi o zóim do meu amor
nunca mais eu vi
o zóim dela brilhar
nunca mais eu vi
o zóim do meu amor são
dois jarrinho de flor
que todo mundo quer cheirar

CORDEL DE FOGO ENCANTADO

para a morena do meu delta de venus


nos seus vitaris mágicos de mulher-femêa estão os descontentamentos de toda uma vida de humano
queria lhe falar coisas mansas, mas meu cavalo anda meio arredio ,
descobriu a pouco que seu sexo era de égua.
a gente entende, voce sabe o quanto sorrir causa náuses nas visceras dos filosófos
o meu pequeno aquário sofre com a ausencia de tua mãe iára
dona das águas, causadora de alguns maremotos.
o vento tem parado o seu sopro todos os dias após as 16,
permaneço tentanto edificar árvores na varanda
tento escarificar-me o dorso, mas sozinha eu não tenho conseguido.
de teu ficou uma pincelada de Elza, tal qual voce
ser feminino, mulher preta
inteira negra
camaleoa colorida das artes de encantar pessoas e coisas.
somos todos cheios de boas intenções mas quando a várzea motivacional rompe
o que fica no riacho são as sobras de nossas carnes
que lutam para serem bons vegetais.

saudosismo intrafemiliar (em homenagem ao cabeliasbar)


pare de percorrer os trilhos imagináveis
daquilo que não existe
eis o que titia sempre me falava
quando assombrava a veracidade da vida dela
com as minhas indagações dadaístas infantis
Não funcionou
e quando percebi estava pegando o ônibus
rumo a um monte de ideais
tentando fugir de um marasmo
interiorano que por vezes eu usava de escudo para meus fracassos internos,
afinal a culpa nunca é nossa..,
São estes os trilhos que me levaram na infância a uma primeira viagem de trem
até à cidade de Marília
acho que foi o meu primeiro distanciamento corporal do meu mundinho geográfico
Eu nunca mais quis parar de sair e voltar..
mas quando foi pra valer
e não ia mais ter como voltar
ocorreu um amarelamento de meus nervos óticos
um destampamento dos tímpanos
um despenar núdico do corpo,
tornado tão solícito pelos novos encontramentos.
não ligo para essa coisa de amor e família
Não eu não to chorando não, tá loco?
sou a representante máxima do feminismo pós-moderno
não dou a mínima para os laços sangüineos da solidariedade parental
no meu olho? não é lágrima não,
é um cisco que caiu, um desses ciscos de ovário da mãe ausente,
nada de sentimentalismos aqui!
Eu nunca liguei para nada só queria sair e voarr
É...
Oh, mãe minha asa de vôo está suja voce lava pra mim?
acho que eu deixei lá na sala.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

barriga da miséria sentimental


parir homem de cocóras
não é nada fácil,
muito menos agradável.
é exatamente nesta posição
_meio vertical, meio horizontal_
que ele pensa ser um ser pensável
pensa que o que faz causa
o bem e a redenção dos outros
pensa que sempre haverá perdão
e por isso insiste em desenhar descupas em seus nós de carnes
tenta cobrir com alguns véus de voz
sua nudez enfaticamente muda.
parir um anjo de cocóras
é quase impossível
porque ele não consegue
parar de chacoalhar
suas asas de penujens empoeiradas,
tal qual os retartos rotos
na estante na sala de não estar.
o anjo pensa ser capaz
de desemtupir as almas
encalhadas de dor
quer limpar o suor
e introduzir o amor
em todo e qualquer buraco oposto.
Ei, seu anjo, isso dói.
pode ser que ele não saiba
ou pode ser que ele é um grandioso
sádico gozador,
como tantos outros que circulam
pelo epicentro deste planeta bicolor,
planeta de tanta elucubração futebolística
tantos times querendo
enormes taças vazias de campeonatos anuais.
mas, afinal
não se tem muitas escolhas
e os ventres acabam por parir,
repentinamente nota-se uma nova pessoa
aqui, um desconhecido acolá..
as lombrigas estão sempre prestes
a rebetar em lavas,
acabam causando o estouramento
de algumas veias,
formando estrias no maremoto irreversível
do encantamento.
no momento próximo,
um dorflex em comprimido
é ingerido
anestesia-se os rancores e..
todos os sintomas da contração recomeçam
para nascer de novo
o mesmo ovo.
Traz logo iaiá das bruxas feministas
água de cheiro para me benzer,
faz uma mandinga pra ver se seco
a barriga
e paro de fazer nascer
essa coisa de amar gente.

PÓS- FEMINISMO

E quando para ser homem
não se precisar de muito,
brotarão sementes transgênicas
de seres quase humanos,
de mulheres quase homens
para reivindicar seus direitos de pétala
para exigir sua água matinal
de regamento interno
Porque sem a cadência proteica
do barro intrasexual
pelas fibras da folhagem,
os sentimentos não vigorariam.

E de que adianta
ter-se um homem
sem se ter um belo caule
para se regar e
ver crescer diariamente?