um banho quente de tesão e ação de pensamentos absurdos

sábado, novembro 29, 2008

DIFÍCIL ATERRIZAGEM

Esperava que me procurasse
Do mundo o que sobra
É um silêncio branco e opaco
Daquilo que deveríamos gritar
Mas que não sussurramos
Para ninguém
A dor nunca irá sair da carne
Mas às vezes é bom ser amaciado

Odeio essa solidão gelada
Porque ela não apaga minhas brasas
Os corpos precisam ser socializados
Os sentimenos também
Mas ninguêm está interessado nisso ao que parece

Agora sem asas
Me aprumo para aterrizar
Em qualquer um desses tédios
Dispostos no chão das cidades
A espera de um amor quente e seguro

quinta-feira, novembro 20, 2008

SOBRE O FAZER ANOS

SOBRE O FAZER ANOS: RESPOSTA A MEU PAI
Nesta hora as coisas ficam elevadas de si
O mundo entra numa suspensão absurda
Não que dantes tivera algum sentido
Mas que, agora, mostra-se deveras irregular.

Não se tem muito em comemorar nesses dias próximos
Estar vivo é um estado de ficar só
Enlouqueço nessa época
Grito por colo
Mas o caos não propaga o som.

Os anos passam
Mortos são lembrados
Alguns vivos esquecidos
Quem são aqueles que importam?

Há um mundo na minha frente
E meu único desejo permanece sendo
Um abraço quente e aconchegante.







DE IVOR BARRETTI, O PAI PARA THAÍS, A FILHA:

Mais alguns dias e você completará anos.
Poderá recitar:
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
- Serei velho quando o for! Sentença potente, rija, altaneira. Serei velho quando o for! Quando me permitir ser velho! Quando eu me deixar envelhecer! Antes não!
Antes não.
Antes de ser velho (e ainda não o sou totalmente) fui menino, travesso, alegre, inconseqüente, em busca de mim mesmo.
Hoje envelheço!
Todavia sorrio contente, calmo, manso.
Você ainda não envelhece.
É preciso muitos anos para o envelhecer!
Você desabrocha, flor linda e sensual.
E os anos te acrescentarão gostosura.
Somente.
Sê feliz.
Amo você.

segunda-feira, novembro 10, 2008

DOS ARMAMENTOS


Por enquanto
Me mantenho arisca
Lisa e escapável
Presa em espaço decantado
Avessa às forças de qualquer aliança
Mesmo negada
Não me abalo
Encho os bolsos com pedras limpas
Espero o foco para um
Ataque futuro e certeiro

domingo, novembro 02, 2008

aos amigos novos e aos de sempre

Porque hoje foi assim
Ao ver-me desenhada na tela
Senti uma puta saudade do que eu era
De quem eu tinha perto
De como nós viviamos e como
Resolviamos as coisas
Tinha mais poesia do que poeta.
Não quero terminar nostálgica
Mas em noites como esta
Faz falta conviver com aqueles a quem se ama
De amigos a romances
Estávamos juntos porque gostavamos uns dos outros
Não tinha contrato nem permissão
Não era um negócio de dividir contas para viver mais barato
Nessa época estávamos juntos porque nos amávamos
E me impressiona que as pessoas possam
Viver sem nunca ter sabido disso
Sofro aqui nesse convívio contratualista
Que não envlove desejos de estar junto
Tudo não passa de quem irá pagar a luz no mês que vem
Tenho saudades dos amigos
Porque se com eles tudo fica fácil
Longe deles uma gripe pode ser mortal.