um banho quente de tesão e ação de pensamentos absurdos

segunda-feira, janeiro 23, 2006

NÓ DE PUS NA GARGANTA


Quando o corpo desfalece
o que sobra
são as glândulas emocionais enferrujadas.
Sentimentos são compartimentos inoxidáveis
que envelhecem ao se exporem ao sol
Não são mais permitidos
os banhos de meia hora,
o chuveiro está queimando
e não existe cachoeira em meu quintal.
Essa insistência metabólica
de se querer viver
tornou-se uma síndrome adquirida incurável,
sem medicação apropriada
e cheia de efeito colateral.
Queria mesmo é
chorar um mar de sal e
temperar os corpos
para meu canibalismo familiar
Um dia vou prender todos
os que amo em meu útero
para nunca mais deixar queimar
seus corpos com a luz do dia.
Grito pela alfazema noturna
e ela vem andando devagar,
meio cocha porque
ontem quebrou seu pé esquerdo
quando tentava se salvar dos cães
selvagens dentro do quarto de dormir.
Cavalgar em leões embriagados
é pisotear desertos árticos
abrigar-se em iglus de apartamentos minúsculos
umidecer nuvens de fumaça
rasgar o tapete do tempo
e pisar descalça em chão cru
da floresta sub-tropical desabitada da civilização.
EI, você de vermelho
deixe voar as barracas de camping
abandone as lonas e
sinta a água estragar seu cabelo
enrole seus cachos nos dedos e
venha pendurar-se nos cipós
dos roseirais de espinhos.
mergulhe no aquário sem peixes
da pia entupida da cozinha
E morra de sede
no semi-árido do meu coração ausente.


Um comentário:

Marco disse...

Por que eu sempre fico sem comentários?