a equipe médica estava decidida
ia ajudar-lhe a cortar os pulsos
para mudar de vida.
Mas antes resolveram
retirar-lhe da magreza enfática
o roto vestido azul.
Deu um grito.
O traje acomodado aos finos ossos
não queria separar-se assim
tão precocemente daquele calorzinho,
ainda não eram seis horas da tarde.
A pequena roupa
agarrou-se na pela fina
que sangrou muito quando a navalha
interveio nas teias frouxas
do tecido usado.
Os senhores destemidos e programados
descortinaram-na por mais cinco horas
até terminarem a operação
e agora, naquela hora, já era noite feita.
Os trapos espalharam-se
por todas as casas úmidas
da redondeza do bairro.
E ao verem
o miúdo corpinho murcho
no cimento do concreto urbano
perceberam o erro que haviam cometido
Deram-se conta
que era justamente ele (o corpinho diminuto)
o animador do vestido agreste
o tocador de suas fanfarras favoritas
o domador dos lanços de rendas amarelas.
Mas enfim,
já havia passado
a hora da redenção.
Pegaram, então, as rendas plásticas
da bonequinha muda
colocaram-na numa
feia maleta marrom
e a postaram
sem destinatário
de navio pirata
para o Afeganistão.
2 comentários:
esqueci de postar o autor da obra:
tela de Edvard Munch com o título de vestido azul
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