um banho quente de tesão e ação de pensamentos absurdos

quarta-feira, janeiro 11, 2006

barriga da miséria sentimental


parir homem de cocóras
não é nada fácil,
muito menos agradável.
é exatamente nesta posição
_meio vertical, meio horizontal_
que ele pensa ser um ser pensável
pensa que o que faz causa
o bem e a redenção dos outros
pensa que sempre haverá perdão
e por isso insiste em desenhar descupas em seus nós de carnes
tenta cobrir com alguns véus de voz
sua nudez enfaticamente muda.
parir um anjo de cocóras
é quase impossível
porque ele não consegue
parar de chacoalhar
suas asas de penujens empoeiradas,
tal qual os retartos rotos
na estante na sala de não estar.
o anjo pensa ser capaz
de desemtupir as almas
encalhadas de dor
quer limpar o suor
e introduzir o amor
em todo e qualquer buraco oposto.
Ei, seu anjo, isso dói.
pode ser que ele não saiba
ou pode ser que ele é um grandioso
sádico gozador,
como tantos outros que circulam
pelo epicentro deste planeta bicolor,
planeta de tanta elucubração futebolística
tantos times querendo
enormes taças vazias de campeonatos anuais.
mas, afinal
não se tem muitas escolhas
e os ventres acabam por parir,
repentinamente nota-se uma nova pessoa
aqui, um desconhecido acolá..
as lombrigas estão sempre prestes
a rebetar em lavas,
acabam causando o estouramento
de algumas veias,
formando estrias no maremoto irreversível
do encantamento.
no momento próximo,
um dorflex em comprimido
é ingerido
anestesia-se os rancores e..
todos os sintomas da contração recomeçam
para nascer de novo
o mesmo ovo.
Traz logo iaiá das bruxas feministas
água de cheiro para me benzer,
faz uma mandinga pra ver se seco
a barriga
e paro de fazer nascer
essa coisa de amar gente.