um banho quente de tesão e ação de pensamentos absurdos

sexta-feira, agosto 29, 2008

repúdio confessional


certas tardes

penso em gente de jeito inconfessional

Salta-me à saliva um gosto de manhã

acre vadia e preguiçosa

Promovo minha língua suada

a um colo embalador imaginado

Não me confesso

desejos de convivências e afetos

Suponho coisas sacanas

depravando a timidez

Ignoro confessionários

os melhores segredos não se revelam


quarta-feira, agosto 27, 2008

messianismo

com uma tal morenisse suave e desafiadora
nega sua moldura
atua como se não importasse o óscar
permence de costas
para o glamour de Hollywood
para o ciberespaço dos livres-pensadores
deita de bruços no chão
amarra seu suor ao taco
carrega suas latas d'água
sem escancarar-lhes o peso nas costas
assovia boleros
e todos os dias corre
na esperança de cheiros mais canibais
porque não se interessa pela vendagem nas vitrines.

terça-feira, agosto 19, 2008

16: o desaniversário de andré

mais um ano do reverso da vida
mais uma vez a esquecer
seu falecido aniversário
e todo ano
é sempre a mesma babaquice
encho meu dia 16
de um milhão de acontecimentos
para não lembrar dos anos que você faria
Seria rídiculo comemorar seus anos ausentes
agora, quando você já não existe mais
Acendo um cigarro para ti
e lembro-me nostálgica
do seu mal-humor em dias
que não desejava comemorar os anos
Seu medo era envelhecer
e no final não tem mais que se preocupar.

segunda-feira, agosto 11, 2008

leão negro do recanto

Ele um tipo dionisíaco de Apolo
Escolhe suas ninfas
Para satisfação de seu
Status estético
Tornara-se o sonho de cama
Das mulheres locais
Motivo de feitiços
Rótulo de caldeirões
Degustador de damas
Representante máximo
Da orgia canalha
Culpado pelas unhas vermelhas
Nos copos borrados das desilusões.

um suspiro em londrina de são carlos

A fantasma do quarto ao lado

de onde eu venho
a galera divide uma marmita
e economiza dois paus
para uma cerva no boteco

de onde eu venho
os donos do bar
penduram um sanduíche para curar
a bebedeira da gente

de onde eu venho
a gente dorme tudo junto
amontoado vendo um seriado qualquer
no gato de tv a cabo do vizinho

de onde venho
as portas não exigem identificação
e os quartos estão sempre abertos
ao plural

de onde eu venho
tem sempre alguém pagando
a nossa parte da conta

de onde eu venho
os ombros não exigem explicação
e os colos são gratuitos e quentinhos

de onde eu venho
somos fortes porque não somos um
somos muitos
comendo pelas beradas das desoportunidades da vida
estamos sempre em banquetes

terça-feira, agosto 05, 2008

reverso dominical

poucas vezes consigo
me entregar ao acaso dos acontecimantos
Neste domingo foi assim
um soco na premeditação
e um mergulho na gandaia
Há tempos não me divertia
É bom saber
que as coisas podem ser divertidas
e que as trilhas sonoras
também podem inspirar garagalhadas
mesmo quando se trata de
la vie en rose.