um banho quente de tesão e ação de pensamentos absurdos
segunda-feira, janeiro 30, 2006
Vai, voce disse
E eu fui sem
me dar muito com isso
Agora quase permaneço
sem compreender
as enchentes de mar
que invadem meu casco
em constante
estática acrobata.
Olho pelo espelho
procuro sua lírica retórica
na caverna plátônica
de minha nostalgia.
Difcíl isso de ser um
invariante de saudade : menina-filha
do seu eu, seu tom, um dom
da tua continuidade
uma experimentação filosófica da tua
Pessoa.
Eu e você: sempre na busca
incomesurável dos porquês.
Sabe, pai, dói quando se percebe
que a carne tem que se manter ereta
nesta paisagem surrealista dos
relógios todos derretidos.
É verdade, o tempo passa
o cárcere se solidifica
e nem você é super-homem,
mesmo sendo um pseudo-autêntico
além homem nietschiano do
sertão baiano.
Sei que estou no meio de feras,
esse covil do derramar cotidiano
faz-me parecer sóbria
ou quase.
Tenho falado com voce
ouço com atenção mórbida
seus trágicos sofismas.
Quando me levaras para Passárgada?
É lá o seu verdadeiro reino de doces
o palco de tua representação
mais aplaudida pelo público imaginário.
Onde repousaremos as carcaças
neste mundo metálico de intocáveis ?
Tem dias que eu gostaria de não pensar em abstrações
mas voce me empurrou com muita força
para esse mar de balanço descontínuo,
onde o vômito é inevitável
e tenho de me agarrar nas lanças de pedras para não afogar
ainda não sei nadar
me apego a lembraças infantis para não perder o ar.
Minhas asas sentem falta do teu castelo
construído com balas de revolveres 38.
com sua licença poética
estou te materializando nos instantes derretidos dos dias
Sinto medo de me perder no roseiral, como aquela mamãe
da canção de ninar infantes
E se o meu pára-quedas não conseguir abrir
as portas do mundo adulto por terem sido trancadas nos cofres?
E se as almas nunca envelhecerem?
Vou parar de chorar
E te darei um abraço agora
não me solte do peito protetor
desgrude este rótulo da minha cara
me permaneça tua aprendiz.
Deixe seu colo me despertar dos pesadelos
os sonhos esconderam-se de mim,
ajude-me a encontra-los com seus olhos míopes de visão raio X.
terça-feira, janeiro 24, 2006
segunda-feira, janeiro 23, 2006
NÓ DE PUS NA GARGANTA
quarta-feira, janeiro 18, 2006
os cães
voce chegou e eu estava bebada
penetrou seus signos animalescos e
suas rimas medíocres
no meu sangue venoso
composto de vapores etilícos diversos
que quando sopram ardem as carnes moles
dos teus comparsas escondidos
no meu armário sem sapatos brancos.
esperar-te causa aos meus vélucros
interminável desconforto
ver-te chegar atormenta os ossos escassos e os sacode
ao destoante som de um tamborim
que mora na canela de todas as mulatas
ainda não mordidas pela cobra do teu laço onírico.
suspiro de começo de tarde
sábado, janeiro 14, 2006
antígona no buraco do espelho
ODE A UM CORAÇÃO OGRO
quinta-feira, janeiro 12, 2006
jarrinha
nunca mais eu vi
o zóim dela brilhar
nunca mais eu vi
o zóim do meu amor são
dois jarrinho de flor
que todo mundo quer cheirar
CORDEL DE FOGO ENCANTADO
para a morena do meu delta de venus
saudosismo intrafemiliar (em homenagem ao cabeliasbar)
pare de percorrer os trilhos imagináveis
daquilo que não existe
eis o que titia sempre me falava
quando assombrava a veracidade da vida dela
com as minhas indagações dadaístas infantis
Não funcionou
e quando percebi estava pegando o ônibus
rumo a um monte de ideais
tentando fugir de um marasmo
interiorano que por vezes eu usava de escudo para meus fracassos internos,
afinal a culpa nunca é nossa..,
São estes os trilhos que me levaram na infância a uma primeira viagem de trem
até à cidade de Marília
acho que foi o meu primeiro distanciamento corporal do meu mundinho geográfico
Eu nunca mais quis parar de sair e voltar..
mas quando foi pra valer
e não ia mais ter como voltar
ocorreu um amarelamento de meus nervos óticos
um destampamento dos tímpanos
um despenar núdico do corpo,
tornado tão solícito pelos novos encontramentos.
não ligo para essa coisa de amor e família
Não eu não to chorando não, tá loco?
sou a representante máxima do feminismo pós-moderno
não dou a mínima para os laços sangüineos da solidariedade parental
no meu olho? não é lágrima não,
é um cisco que caiu, um desses ciscos de ovário da mãe ausente,
nada de sentimentalismos aqui!
Eu nunca liguei para nada só queria sair e voarr
É...
Oh, mãe minha asa de vôo está suja voce lava pra mim?
acho que eu deixei lá na sala.
quarta-feira, janeiro 11, 2006
barriga da miséria sentimental
PÓS- FEMINISMO
não se precisar de muito,
brotarão sementes transgênicas
de seres quase humanos,
de mulheres quase homens
para reivindicar seus direitos de pétala
para exigir sua água matinal
de regamento interno
Porque sem a cadência proteica
do barro intrasexual
pelas fibras da folhagem,
os sentimentos não vigorariam.
E de que adianta
ter-se um homem
sem se ter um belo caule
para se regar e
ver crescer diariamente?