um banho quente de tesão e ação de pensamentos absurdos

segunda-feira, fevereiro 27, 2006


KOTOVELOS BAR: DOSE DUPLA

A edificação do medíocre bar
estava bem pior naquela tarde:
havia se tornado prtaicamente uma padaria,
só não o era completamente porque
em lugar de pães tinha uns tipos cabeludos
expostos no balcão de alumínio.
Um pensamento vem-me de súbito e por pouco não engasgo:
Eu odeio chuva,
sorte dos que bebem seus pingos mornos e febris.
O dono do bar,
senhor do oráculo local
babulceia uma canção evangelizadora
quer hipnotizar as pessoas,
convencê-las que banhar-se em chuveiro faz bem,
assim ele pode vender seus banhos de gato sem
grandes questionamentos de higiene.
Fico a procura de qualquer rosto conhecido
mas minha caça é interrompida pela garota
de tênis na boca e tacao na mão,
ela me diz: esquece isso moça,
panteras de bengala não podem patinar no gelo.
Permaneço um tipo sentado de bicho, acocorado
em seu próprio calcanhar de Aquiles ou daquilo
que já não se lembra mais.
Alguns carros tocam desafinados umas sinfonias abandonadas
mas ninguém se importa com instrumentos de sopro
preferem seus alquetoques e alto falantes.
Um forno de pão seria ótimo para decompor o ambiente,
ótimo para uma soneca uterina ou para o amolecer de miolos.
Peço o travesseiro emprestado para o coitado ao lado
ele me oferece sua cama sem lençol
Nego não quero
na horinzontal somos todos diferentes
Embrabeço
arrumo minhas decencias, me penduro na bengala
chacoalho a cauda
dou uma bela rabada no balcão
e parto rumo ao chveiro mais próximo.

domingo, fevereiro 26, 2006

A HORA DO DESPACHO INFANTE
a equipe médica estava decidida
ia ajudar-lhe a cortar os pulsos
para mudar de vida.
Mas antes resolveram
retirar-lhe da magreza enfática
o roto vestido azul.
Deu um grito.
O traje acomodado aos finos ossos
não queria separar-se assim
tão precocemente daquele calorzinho,
ainda não eram seis horas da tarde.
A pequena roupa
agarrou-se na pela fina
que sangrou muito quando a navalha
interveio nas teias frouxas
do tecido usado.
Os senhores destemidos e programados
descortinaram-na por mais cinco horas
até terminarem a operação
e agora, naquela hora, já era noite feita.
Os trapos espalharam-se
por todas as casas úmidas
da redondeza do bairro.
E ao verem
o miúdo corpinho murcho
no cimento do concreto urbano
perceberam o erro que haviam cometido
Deram-se conta
que era justamente ele (o corpinho diminuto)
o animador do vestido agreste
o tocador de suas fanfarras favoritas
o domador dos lanços de rendas amarelas.
Mas enfim,
já havia passado
a hora da redenção.
Pegaram, então, as rendas plásticas
da bonequinha muda
colocaram-na numa
feia maleta marrom
e a postaram
sem destinatário
de navio pirata
para o Afeganistão.


domingo, fevereiro 12, 2006

degrau usado

para que o amanhecer aconteça,
um sopro um fósforo meia dose de gin
e duas giletes enferrujadas de cal refinado.
destile suas infromações não pessoais,
junte-se à manada de desconhecidos eternos
ou componha uma ópera
e cubra-se de veludo vermelho autentificado pelo
continente europeu.
acho que vou ser um pseudo
qualquer coisa,
mas e daí nao quero contribuir pra nada
que não seja estritamente meu.
Graduado em que?
cala boca e devolve minha garrafa
cheia de covardia
Pare de conversa eu não te conheço e nem a ninguém
me solte para o precipicio da escada ovular
quero minha anatomia rompida
antes que seja tarde demais
para quebra-la.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

PARES DE OPOSIÇÃO

Ele era simplesmente
um pênis úmido
dono de um oceano de cetim,
um bote inflável de corredeiras.
Cultivador de algodoais e
plantador de facas cegas de inox.
Ela tinha alguns bichos de estimação
dava nome para seus objetos
pessoais e sexuais
Não era dona de nada
e tampouco almejava ser.
Dava luz a dez imperativos por segundo
no anti-eco de sua voz estridente.
Eles acoeciam todo final de tarde
e amassavam pães pros cachorros do vizinho.
Eram gigantes em castelos recicláveis de papelão,
Adoravam assustar criancinhas
e assaltar supermercados.
Viam-se em filme de oito milímetro
sem diretor para suas películas mornas.
Uma vez por semana
ferviam água para suas
plantas industriais de plástico.
Certa vez
decidiram livrar-se das sacolas
e aprisionar borboletas em livros;
Criaram uma praia
com peças mecânicas
e continuam tentando
desenhar um final feliz.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Paralelismo


Gosto desse amor assim
Acostumado
Reconhecido
Carimbado
Autografado em unhas
Enviado por sedex eletrônico
Banhado em lagos azuis de sangues
Gosto desse caminho assim
Paralelo
Onde corro tranposta
sobre linhas imaginárias
carregando um guarda-chuva
amarelo pálido de hepatite
Gosto das curvas tuas
embriagadas de escapamentos mornos
pré-asfaltados de pixe.
O ematoma mostra
que o cárcere foi mordido
por dentes podres
de uma boca humanamente igual a todas
A cegueira travestiu-se
em retartos ausentes de bailarinas
de ante século anterior
Qualquer dia desse viro artista
e abandono todas as anestesias
para enfim
empirulitar-me nas águas sujas das enchurradas moles
Vou beber as lágrimas das pedras
e adoecer pela língua
Quero dirigir
um desses automoveis sentimentais
que ficam expostos nos consórcios de gente
E agora eu vou sair
leviterei rumo a fogueira mais próxima
para incendiar as bandeirinhas
e estourar todas as bolhas de sabão
Deixarei este mundo para sempre de castigo
para que aprenda a nunca mais
usar tinta de metal dentro do dia.
Quanto a voce,
só poderá cheirar cola
em saquinhos de plático não promocionais
entregues pelas moças dos aviões fretados.

Paralelismo


Gosto desse amor assim
Acostumado
Reconhecido
Carimbado
Autografado em unhas
Enviado por sedex eletrônico
Banhado em lagos azuis de sangues
Gosto desse caminho assim
Paralelo
Onde corro tranposta
sobre linhas imaginárias
carregando um guarda-chuva
amarelo pálido de hepatite
Gosto das curvas tuas
embriagadas de escapamentos mornos
pré-asfaltados de pixe.
O ematoma mostra
que o cárcere foi mordido
por dentes podres
de uma boca humanamente igual a todas
A cegueira travestiu-se
em retartos ausentes de bailarinas
de ante século anterior
Qualquer dia desse viro artista
e abandono todas as anestesias
para enfim
empirulitar-me nas águas sujas das enchurradas moles
Vou beber as lágrimas das pedras
e adoecer pela língua
Quero dirigir
um desses automoveis sentimentais
que ficam expostos nos consórcios de gente
E agora eu vou sair
leviterei rumo a fogueira mais próxima
para incendiar as bandeirinhas
e estourar todas as bolhas de sabão
Deixarei este mundo para sempre de castigo
para que aprenda a nunca mais
usar tinta de metal dentro do dia.
Quanto a voce,
só poderá cheirar cola
em saquinhos de plático não promocionais
entregues pelas moças dos aviões fretados.

MADALENA

No meio do banheiro
tinha uma mulher pequena
Ela vestia
bolsa cor de rosa
sandália cor de rosa
blusa cor de rosa
e possuía curvas cor de rosa
Habitava um ambiente ostil
e gostava da luta
pelo alimento eterno
Caminhava em saltos
pisoteava intelectos
tripudeava sobre os corpos
de quatro décadas
com alguns poucos sonhos realizados
Não possuía futuro
nem distante nem próximo
Circundava o instante máximo
de cada uma dfe suas aparições
Amava alguns homens por vez
ou mesmo mais de um cada vez
dependendo do samba ensaiado
Sua orquestra pessoal
encanta seres encantados
e hipnotizou até o boto careca
lá de Santarém.
Ela adora nuito
afogar outros
e lamber gatos
em pequenos bares da noite.

Preliminares soturnos

os domingos são quase sempre
desamáveis e humanos
Às vezes ele se liberta da forma
retangular pintada de beje
e assume a fantasia da pomba gira
sai rodopeando pela pasmaceira londrinense
e vira de ponta cabeça alguns corpos
que encontra na noite.
derramo uma gta de álcool no sol de alguém
e escorro feito água de poço
minha mente se perdeu dos ponteiros
e foi festejar algo que não se lembrava
com alguém que não conhecia.