um banho quente de tesão e ação de pensamentos absurdos

quinta-feira, outubro 06, 2005

Otávio Ramos

"As idéias entranham no organismo.
Meu corpo. Morto. A alma? Paira, névoa insubstante. Viaja, equívoca, para Lisbonne, para Lisabon.
No éter flutua eternamente.
Quem é que? O que sou?
Quem há de?
Memo. Mímese. Voa. Ruína. E eu, morto.
Gigante dos incontáveis atos. Bandido sôfrego do esqueleto da vida. Pálido noivo de estrelas; popstar.
Cúpulas do Colégio Arnaldo, árvores do Parque Municipal, Edifício Arcângelo Maletta!
Mafiazul, Galoucura.
- "No money, no funny", disse Eva.
Quatro girafas corriam pela estepe africana quase em câmera lenta enquadradas, corriam soltas, assustadas, pela tela de TV.
O mundo animal. Eu acendi um cigarro.
Eva olhou a boca no espelho e passou o batom. Riu, escancarada.
As coxas brancas de Eva.
Estou morto. Fedo.
Fodemos, eu e Eva. Gozamos. Sofremos.
Na rua. Nuvens são como espuma branca do creme pós-barbear.
O tédio dessas tardes me deixa ensimesmado.
Meu corpo. Vasto território ignoto. Meu cérebro.
Feliz? Tanto faz."

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