um banho quente de tesão e ação de pensamentos absurdos

quarta-feira, outubro 12, 2005

Mutilação Sensorial; Performance da Incomunicação ou dia do Nada

E assim mudos e com os corpos calados
em sua singela carnificina de sal
os dois seres são postos à frente,
com os sentidos mutilados.
Sarcasmo, sadismo ou masoquismo?
Talvez, nenhum desse conceitos ocidentais
possam descrever a incomunicação sensorial
concedida, programada;
com lugar, hora e dia pré-estabelecido, pautado.
A visão: a mais significativa cosmovisão
do nada permanece estática em sua cegueira exterior;
olhando-se para dentro das entranhas,
das vísceras, do vara de carne-seca
que habita o buraco posterior ao esôfago
chega-se ao caminho da putrefação.
até dava pra escutar o barulho abatucado do tímpano
reagindo ao silêncio das memórias;
pra dentro e para trás:
a película movimenta-se como se querendo
fugir da morbidez auditiva;
sem, no entanto, conseguir.
Quando não se tem o que dizer,
ouvir torna-se estritamente desnecessário,
desinteressante e principalmente desaconselhável.
O emudecimento faz do som dos fonemas
uma parede de tijolos e concretos,
tal qual muro de berlim
(só que um tanto mais endurecido pelo vazio silábico
que as verdades acreditam possuir)
A sonoplastia perde seu ator principal,
e, aí, se apresenta apenas com os coadjuvantes
num cenário de gesso papel crepom e roupas
despossuídas de um conteúdo dérmico-carnal.
Nada mais será dito sobre nada.
Pra ver?
Existe uma praça onde moram galinhas e
camelôs que no entardecer noturno
veste-se de uma desmemoriação corpórea do absurdo:
eis a praia do nadismo, o jardim dos pombos.
Diga-me o que pensas
e eu não te direi quem és.

Um comentário:

Anônimo disse...

Very nice site!
» » »