
Amarro minha fita, agora sim estou pronta, armada para o desenrolo. Sento-me à escrivaninha e digo: só saio quando tudo estiver pronto. Mas de fato se fosse assim, apodreceria por aquele quarto com chãos de tacos soltos. Faz calor de forma intensa. Entre um texto e outro penso no bar, na cerveja, penso na Luana e na Iara depois de um almoço com corações de galinha. Alguns de quem gosto muito estarão fora por esses dias. Vai ser bom dedicar-me um pouco mais a mim. Mas, se não fosse o calor, seria mais fácil. A casa está sozinha... agradavelmente sozinha e em silêncio. Brindo na minha cabeça pelas parcas coisas que possuo, por aquelas que abandonei; brindo à minha corajosa vida covarde. De qualquer jeito ao anoitecer darei um pulo no bar dos argentinos, soube que teve batida policial ontem por lá, o clima vai estar tenso, quero saber dos acontecidos. Ouvir relatos e desaforos.
O melhor jeito de se conhecer o mundo é pelo cheiro, porque não dá para escolher o que cheiramos, o cheiro é nômade e invade nosso paladar sem nossa mediação: ou cheiramos tudo do nosso lado ou morremos por falta de ar. Mas agora faz calor e não há vento nas ruas. E por isso é preciso estar lá no meio das coisas para sabê-las ver.
O melhor jeito de se conhecer o mundo é pelo cheiro, porque não dá para escolher o que cheiramos, o cheiro é nômade e invade nosso paladar sem nossa mediação: ou cheiramos tudo do nosso lado ou morremos por falta de ar. Mas agora faz calor e não há vento nas ruas. E por isso é preciso estar lá no meio das coisas para sabê-las ver.